POEMA JUCA PIRAMA -PROFESSORA LUÍZA 2ºANO ENSINO MÉDIO

RESUMO

O poema I - Juca Pirama possui 484 versos divididos em 10 cantos. O título do poema é tirado da língua tupi e significa “aquele que vai ser morto.” O poema descreve o drama vivido por um índio tupi, sobrevivente de sua tribo, que é capturado pelos timbiras e deve ser morto em um ritual. Porém, deve antes relatar suas façanhas, para provar que é digno de ser sacrificado.      

O tupi revela que deixou sozinho o pai velho e cego, pedindo para ser libertado a fim de cuidar dele, que não deve tardar a morrer. Promete voltar a ser prisioneiro depois que o pai morrer. O cacique timbira consente em libertá-lo, mas sem a promessa de voltar por não querer “com carne vil enfraquecer os fortes”.
Liberto, o guerreiro tupi volta ao local onde deixara o pai. Pelo cheiro das tintas no corpo do filho, o pai percebe que ele fora preso e libertado, o que contraria a ética indígena. Com indignação, o pai exige que voltem ambos à tribo dos timbiras. 

CONTEXTO

Sobre o autor  
Gonçalves Dias foi um importante poeta do romantismo brasileiro. Estudante de Direito em Portugual, Dias escreveu o famoso “Canção do Exílio” influenciado pela saudade que sentia do Brasil. O sentimento nacionalista, inclusive, era uma marca da sua escrita. A visão indianista também estava presente na sua obra, que costumava idealizar o índio.  I-Juca Pirama é uma obra que pode ser inserida nesse estilo. 
Importância do livro
I – Juca Pirama
é um marco da poesia indianista no romantismo brasileiro. O indianismo, na poesia romântica, é a afirmação da nacionalidade e coloca o índio como heroi. Publicado em 1851 no livro Últimos Cantos, é considerado a obra-prima do autor pela excelência tanto da forma quanto do conteúdo.  
Período histórico
O Romantismo teve início na 1ª metade do século XIX e foi um movimento literário marcado por três gerações com características específicas. Gonçalves Dias foi um dos principais representantes do indianismo da 1ª geração, o autor exaltava as qualidades nacionais.

ANÁLISE


Embora possa ser considerado um poema narrativo por ter uma história com começo, meio e fim, I-Juca Pirama tem no lirismo o seu ponto forte. A musicalidade está presente, alternado versos curtos e longos com rimas que ajudam a dar ao poema o ritmo da aventura narrada. A métrica também é variada ao longo da obra, o que reforça essa ideia de alternância.   

PERSONAGENS
 

    I – Juca Pirama: índio que segue as tradições, defendendo a honra de seu povo e do seu pai.    

    Pai de Juca Pirama: um homem cego e velho, fiel às tradições do povo tupi. Exige que o filho volte para a aldeia dos timbiras e honre os tupis.    

    Velho índio timbira: o narrador da história, é quem conta a história de I – Juca Pirama como um lenda.  
Um dos temas centrais do romantismo é a busca das origens da nacionalidade. No caso brasileiro, os autores foram buscar essa referência nos povos indígenas. Seus valores e códigos de honra foram exaltados. Como vemos no poema, a história do guerreiro tupi torna-se uma lenda, recordada muitos anos depois por um velho timbira. Tanto tupis quanto timbiras só têm bons sentimentos: honra, bravura, amor filial, piedade. Não somente a honra pessoal, mas a honra de um povo, de uma nação, ainda que praticamente dizimada. O índio tupi sacrifica conscientemente a própria vida para que o povo tupi seja lembrado como um povo de bravura incontestável. 
A idealização construída não permite que valores contrastantes com a civilização do século XIX, como por exemplo o canibalismo, influenciem negativamente nessa visão idealizada. Fica implícito que mesmo depois de toda a conciliação, o guerreiro tupi foi realmente submetido ao ritual do sacrifício, o que parece natural aos olhos do poeta, mas certamente muito estranho aos nossos. Devemos, portanto, ler o poema levando em consideração o contexto cultural da época em que foi escrito e as tradições indígenas.

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